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27 de junho de 2023 às 08:50
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Embrapa chega aos 50 anos com combate à fome como desafio

Durante a sessão especial que comemorou os 50 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nesta segunda-feira (26), senadores e especialistas defenderam a valorização da empresa para a ampliação das políticas públicas de combate à fome e à insegurança alimentar no país e no mundo, por meio da produção sustentável. A homenagem no Plenário do Senado reconheceu a atuação da instituição, com seus cerca de 10 mil profissionais, na condução de políticas que colaboraram para que a atividade agropecuária brasileira se tornasse uma potência mundial. 

Para o propositor da sessão, senador Jaques Wagner (PT-BA), a Embrapa é atualmente um produto de exportação do país, referência na ciência e inovação para a agropecuária em nível internacional. Ele lembrou que nesse período de meio século a empresa foi responsável por fazer com que o país ampliasse sua área plantada em mais de 160% e aumentasse a produção de grãos em mais de 500%. Além disso, o senador destacou que a oferta de carne bovina e suína foi quadruplicada e a produção de frango se tornou superior 20 vezes ao que era produzido nos anos 70. Para Wagner, o desafio maior, neste momento, é garantir que os pequenos e médios produtores tenham acesso a mais tecnologias para democratizar a oferta dos alimentos que precisam chegar à mesa do brasileiro. 

— Trata-se de um esforço que será dirigido especialmente aos mais vulneráveis, incluindo as crianças. A Embrapa está igualmente comprometida com a meta de dobrar a produtividade agrícola e a renda dos produtores de alimentos. Em especial, a empresa trabalha para conservar os ecossistemas e torná-los mais resistentes às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres. 

O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) disse que tanto o Congresso Nacional como o Executivo federal precisam priorizar a atuação da Embrapa dentro do Orçamento da União. Na sua visão, a Embrapa só vai conseguir manter a plena atuação dos seus 43 centros de pesquisa com a valorização necessária da instituição e de seus profissionais. 

— A demonstração de apoio mesmo é quando a gente coloca realmente o que é necessário, que são os recursos. Não se faz nenhuma pesquisa, nenhum desenvolvimento se não houver recurso. Ninguém vive de discurso. A gente vive muito isso aqui na área de educação, tecnologia, tem muito apoio de discurso, mas na hora do vamos ver… 

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também participou da solenidade. Ele disse que a Embrapa é motivo de orgulho para o Brasil e reconheceu o papel da empresa para os próximos 50 anos como fundamental para “acelerar a produção” e auxiliar no combate à fome.  

— Nós temos 30 milhões de brasileiros e brasileiras que estão vivendo em insegurança alimentar grave. E hoje o Brasil perdeu espaço de produção de arroz, de feijão, de mandioca, de hortaliças, legumes e frutas que vão direto para a mesa do povo brasileiro. Então nós temos esse desafio de aumentar a produção de alimento — disse, ao anunciar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançará nesta terça-feira (27) um Plano Safra “recorde”, com atenção especial ao pequeno produtor e à produção de alimentos saudáveis. 

Sustentabilidade

A presidente da Embrapa, Silvia Maria Massruhá, fez referência ao pioneirismo de Eliseu Alves e José Pastore, que estiveram à frente da instituição por muito tempo, para lembrar que a sustentabilidade sempre foi o “fio condutor” da empresa. Segundo ela, foram 50 anos de muito investimento em infraestrutura, mas o principal foram as pessoas que tornaram o Brasil “a potência agrícola que é hoje”. A prioridade da atual gestão, segundo ela, é gerar tecnologias para a descarbonização da agropecuária (a redução da emissão de dióxido de carbono e de outros gases de efeito estufa na atividade) e a sustentabilidade.

— Estamos cientes que o futuro passa por compreender os novos comportamentos de consumo, as exigências dos alimentos saudáveis, rastreáveis e produzidos em base sustentáveis. Nas três dimensões: ambiental, econômico e social. Sabemos também da nossa responsabilidade com a redução das desigualdades e combate à fome. Por isso é fundamental produzir inclusão produtiva social de pequenos e médios produtores.  

O senador Wellington Fagundes (PL-MT), que representa um dos estados maiores produtores do país, reforçou a relevância da Embrapa na condução de uma atividade agropecuária que produza cada vez mais, mas também esteja comprometida com a preservação do meio ambiente. 

— Há 50 anos não poderíamos imaginar que chegaríamos a ter esse papel no mundo. Quando a Embrapa foi criada, pouco se falava em agricultura de precisão, em agricultura de baixo carbono e de tantas tecnologias que hoje estão presentes e que foram desenvolvidas por esses profissionais que dedicaram todo seu conhecimento e experiência para melhorar o resultado obtido no campo. 

Orçamento 

Na opinião de profissionais que atuam na Embrapa,defender a empresa é priorizá-la dentro do orçamento público para que ela tenha condições de competir e garantir a sustentabilidade do país na produção, promovendo segurança alimentar. Luiz Antônio Rodrigues, presidente do Conselho Fiscal da Embrapa, e Marcus Vinícius Vidal, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), pediram aos parlamentares que reforcem, nas discussões para elaboração do Orçamento, a reflexão sobre a administração estrutural da empresa e seu modelo de gestão para daqui a 50 anos. 

— A Embrapa, até aqui, foi sempre blindada pelos senadores e também por deputados, com emendas parlamentares que ajudaram a construir uma Embrapa mais forte. Então nós estamos aqui para agradecer, em nome do Conselho Fiscal, todo esse emprenho que os parlamentares têm feito até aqui e também para insistir para que esse apoio continue. Que os senadores e deputados continuem prestigiando a Embrapa com os recursos, continuem participando do processo orçamentário, porque todos os parlamentares conhecem bem não só a Embrapa como um todo, mas também aquelas unidades que estão mais perto da sua realidade — acrescentou Luiz Antônio Rodrigues. 

Mulheres

Já a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) elogiou o papel fundamental da Embrapa no combate à agressão e exploração de mulheres. Para ela, ao desenvolver projetos que colocam a mulher à frente da produção no campo, a empresa incentiva o fim dos ciclos de violência. 

— A Embrapa entende que tirar a mulher do ciclo de violência, muitas vezes, dá autonomia financeira para ela, e os programas e projetos que vocês desenvolvem, fortalecendo a mulher no campo, capacitando e ajudando essa mulher no campo, estão tirando milhares de mulheres do ciclo de violência. A Embrapa é, sim, uma empresa que cuida de mulheres. 

Criação 

Vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, a Embrapa foi criada em 26 de abril de 1973 (Lei 5.871, de 1973, e Decreto 72.020, de 1973) para desenvolver a base tecnológica de um modelo de agricultura e pecuária genuinamente tropical. Atuando na geração de conhecimento e tecnologias para a produção de alimentos, fibras e fontes de energia, a missão da Embrapa é “viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura em benefício da sociedade brasileira”.

Fonte: Agência Senado

Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense

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