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20 de julho de 2021 às 15:05
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Acadêmico: Assistência de enfermagem frente a gestante portadora de Lúpus Eritematoso: uma visão sobre os cuidados primordiais.

Autor: Bruno dos Santos Andrade

Desse modo, percebe-se que diversos são os fatores que influenciam na oscilação do sistema imunológico no decorrer da vida, e dentre eles recaem o processo gestacional, ou seja, a gestação é um dos fatores fundamentais que deixa o sistema imune o suscetível ao acometimento de infecções. Nesse sentido, segundo algum Cruz (2013), o período da gravidez é marcado como um modelo único na natureza humana, o mesmo é compreendido como um estado imunológico altamente complexo e ainda muito estudo pela comunidade cientifica, pois é visível o aparecimento de diversas enfermidades ou alterações pré-existentes, ou seja, analisando o caso percebe-se que a paciente em questão estar mais suscetível ao reaparecimento da doenças autoimune, lúpus.

De acordo com Abbas (2007) é notório que do ponto de vista imunológico tem sido um grande desafio tentar entender quais os mecanismos envolvidos na supressão imunológica para que não exista rejeição da placenta pelo sistema imunológico materno, tendo em vista que por ser de origem embrionário, o mesmo contém material genético tanto materno quanto paterno. Tendo em vista que existe uma grande possibilidade de expressões de antígenos paternos, os quais são geneticamente estranhos para o organismo da mãe e consequentemente poderiam incitar um processo de reações imunológica, as quais poderiam ser observadas nos tecidos.

Não obstante, a supressão presente na fase gestacional acabam influenciando diretamente para que essa produção de anticorpos não seja tão acentuada fornecendo mecanismos para o desenvolvimento da gestação. Em contra partida, acaba deixando o corpo vulnerável ao acometimento de outras infecções ou doenças reincidente que atrapalham o estilo de vida e por isso fica evidente toda a preocupação do médico do caso quanto ao cartão vacinal da paciente.

Desse modo, tendo em vista as análises do caso acerca da associação entre a gestação e o Lúpus, é preciso estabelecer as devidas relações, ou seja, é preciso compreender o que é o Lúpus em si. Lisboa e Brito (2014) define o Lúpus Eritematoso Sistémico como uma doença autoimune multissistémica, que atinge diversos órgãos do corpo acarretando na destruição dos mesmos, pois por falhas no sistema imunológico acaba ocasionando o processo de reconhecimento entre próprio e não próprio, ou seja, as células imunológicas acabam atacando as próprias células humanas, pois não conseguem reconhecer que essas células são típicas daquele tecido. Este atinge predominantemente mulheres em idade reprodutiva e acomete principalmente em sua maioria aquelas com declínio imunológico,

De acordo com Abbas (2007), as respostas imunológicas agem em fases sequenciais, são elas: reconhecimento do antígeno, ativação dos linfócitos, eliminação do antígeno, declínio e memória. Após o reconhecimento, os linfócitos serão ativados e se tornam efetores, os linfócitos B produzirão anticorpos, enquanto os linfócitos T são responsáveis pela destruição do corpo estranho. Contudo, outra característica da resposta imunológica humoral é a memória, em que o sistema imunológico desenvolve uma resposta mais eficaz ao mesmo antígeno, que é a resposta imunológica secundária, criando uma especificidade a determinado antígeno, elas resultam da ativação de linfócitos de memória, criadas na resposta imune primária, tendo um longo período de ação.

Por esse motivo, o Lúpus pode reincidir durante a gestação, tendo em vista que essas células de memória serão liberadas com maior ênfase já que não existe um certo controle por parte do sistema imunológico da gestante, tendo vista ainda que no caso, a mesma enfatiza que também já teve problemas com o fator Rh, um problema bastante acentuado que pode influenciar negativamente no processo imunológico.

Por esse motivo, a gravidez em portadores de Lúpus eritematoso associa-se de forma variável para cada indivíduo, em que existe um maior risco de consequências adversas entre a mão e o feto. Segundo LOPES (2014), no passado mulheres acometidas por essa patologia eram aconselhadas a não engravidar.No entanto, o aumento nos estudos imunológicos e moleculares permitiram entender como essas doença afeta o organismo, facilitando assim a ação diagnóstica, monitorização e recursos terapêuticos, sendo hoje a gravidez exequível para estas doentes. Deste modo, tem sido progressivamente crescente o número de gravidezes em doentes com esta patologia.Ainda assim, são consideradas gestações de alto risco e requerem equipes multidisciplinares que assegurem uma adequada vigilância da atividade da doença e desenvolvimento da gestação.

 Sendo assim, o planejamento de uma gestação deve ocorrer junto a uma equipe multiprofissional, como imunologista, ginecologista e uma enfermeira obstetra, a qual irá primariamente avaliar o tratamento realizado pela cliente. Não que a LES em si se trate de uma contraindicação, mas, as consequências que ela trás, sim. Bem como quando se fala em falência renal e hipertensão pulmonar. Para isso, é importante para a futura mãe que a doença se estabeleça em latência por no mínimo 6 meses para fecundação (BRASIL, 2013; BRASIL, 2014)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABBAS, Abul K., LICHTMAN, Andrew H. Imunologia Básica: funções e distúrbios do sistema imunológico. 2 Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed. rev. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. 318 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, n° 32)

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 162 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 35)

CRUZ, Daniel Eduardo Lourenço Alves da. Lúpus Eritematoso Sistémico na Gravidez: Impacto na mãe e no filho. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar: Centro Hospital do Porto Mestrado Integrado em Medicina, 2013.

LISBOA, Ana; BRITO, Ivo. Lúpus eritematoso sistémico e gravidez: implicações terapêuticas. Arq Med vol.28 no.1 Porto fev. 2014

LOPES, Vanessa Ramos da Silva; GATTI, Luciano Lobo. Doença Hemolítica: A atuação do Enfermeiro Enquanto Cuidador e Orientador. Revista Paraense de Medicina. Belém: FSCMP, vol. 28, 2014. Disponível em: < http://www.santacasa.pa.gov.br/data/news/28-4.pdf>. Acessado em: 20/10/2017

VIANNA, Rodrigo; SIMÕES, Manuel Jesus; BORGES, Heraldo C.  LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO. Revista Ceciliana Jun 2(1): 1-3, 2010.

Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense

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