Bom dia • 02/05/2024

21 de junho de 2021 às 08:04
Sem comentários
Comente agora

Acadêmico: Influências dos fatores sociais no desmame precoce em mães adolescentes

Shayanne Andrade Santana*

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a amamentação seja exclusiva, como única fonte de alimento durante os seis primeiros meses de vida da criança e, após este período, o aleitamento materno deve ser complementado por outros alimentos e não substituído, nesse âmbito, a criança pode ser amamentada até os dois anos de idade. A prática de amamentar é socialmente construída, bem como as envolvidas podem sofrer influências devido a diversos fatores (SOUZA, 2016). Segundo Barbosa (2009), o aleitamento materno é importante tanto para a saúde da criança quanto da mãe, quanto para a situação socioeconômica, mas muitas optam pelo desmame contribuindo para o comprometimento da saúde de seus filhos.

A gravidez na adolescência é vista como um problema de saúde pública e com grande marco biológico através da puberdade, psicológica (transição de ser criança para adulto) e social. Além da transformação através do comportamento, em que a maternidade é analisada como facilitadora à transição da vida infantil para a vida adulta ou vista como fator que atrapalha nos planos futuros do adolescente. Quando se assume a maternidade uma das importantes escolhas, e de como vai ser a alimentação da criança, sendo a amamentação a melhor forma de alimentar a criança por ser um ato biologicamente condicionado (DURHAND, 2004).

O desmame precoce acontece quando há a introdução de qualquer alimento inclusive água ou chá ou interrupção do aleitamento materno antes dos seis primeiros meses de vida completos independente de motivo, circunstâncias ou decisão da mãe (CABRAL; CAMPESTRI, 2009).

Muito se tem discutido sobre o aleitamento materno, sobre sua importância na vida do bebê, até qual idade é importante amamentar, quais as consequências, caso a mãe retire a mama do bebê antes do tempo necessário. Maranhão (2015) relata que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é imprescindível que a mãe ofereça a mama ao bebê até 6 meses de vida, pois é o tempo hábil para o leite materno sustentar a criança e prover os nutrientes desejáveis. Após os 6 meses de idade, o bebê já pode ser alimentado com outros alimentos ricos em ferros e vitaminas, pois nesse período, ou seja, de 7 meses em diante   o bebê já tem a maturidade neurológica e fisiológica. Além disso, “as práticas alimentares no primeiro ano de vida são um marco importante na formação dos hábitos da criança. Esse período pode ser classificado em duas fases: antes dos 6 meses e após os 6 meses” (VITOLO, 2015, p.207).

Apesar do leite materno ser o melhor alimento para as crianças recém-nascidas, em relação ao leite artificial, a indústria tem sua parcela de culpa pela diminuição nos desmames (SOUZA, 2016).

Fatores influenciam as lactantes adolescentes a não amamentarem são: a insegurança da mãe, negligência, desinteresse, falta de cuidados necessários e a falta de conhecimento sobre o processo de amamentação são alguns levantamentos (SOUZA, 2016).

A decisão para que aconteça o desmame se explica por diversos fatores, como falta de apoio e incentivo familiar, condição socioeconômica, educação e acesso à informação tanto da família quando de quem está em volta e também sobre o manejo da criança nessa citação nova e constrangedora para as adolescentes (LACERDA; MAIA, 2009); se foram amamentadas ou não, escolaridade da mãe, experiência, dificuldades na amamentação, pouco leite, fissuras mamárias, confusão de bico e retorno ao estudo e ao trabalho (DURHAND, 2004 ); e rejeição do bebê ao seio da mãe (SOUZA, 2016).

A falta de preparo por parte das adolescentes, perante as técnicas de amamentação e conhecimento de sua importância e a inseguranças diante do manejo e o choro da criança, e de fatores como baixa escolaridade, falta de apoio da família e mitos sobre o leite fraco ser insuficiente para sustentação infantil, causam o desmame precoce diante dessas adolescentes (LACERDA; MAIA, 2009).

Diante disso, é possível observar que mães adolescentes tiram o leite materno muito precoce. Maranhão (2015) define que, os principais fatores do desmame precoce são: os níveis de instrução entre as mães adultas, pois as adultas tem mais informações sobre os benefícios da amamentação tanto para o bebê, quanto para a mãe, e essas informações se explicam por conta dos pré-natais. Nessa situação, pode-se observar a inferioridade de conhecimento das mães adolescentes em relação ao leite materno e seus benefícios, bem como a falta de acompanhamento dos pré-natais entre as mães adolescentes.

Segundo Durhand (2004) a maioria dos estudos e pesquisas engloba e compara a relação da amamentação entre mães adolescentes e adultas. E, diante do risco em que se encontram as mães adolescentes, há a necessidade da promoção da amamentação exclusiva em mães adolescentes com estratégias para as práticas e o intuito de diminuir os medos e dúvidas e garantir o sucesso na amamentação exclusiva beneficiando a mãe e o filho.

Dessa forma, é substancial que aconteça um acompanhamento pelos profissionais de saúde, afim de orientar acerca das importâncias da amamentação ao público de mães adolescentes, salientando inúmeros benefícios para que contribuam na diminuição dos índices de desmame precoce. 

REFERÊNCIAS

BARBOSA, M. B. et al. Fatores de riscos associados ao desmame precoce e ao período de desmame em lactentes matriculados em creches. Rev. Paul. Pediatr., V.27, 2009.

CABRAL, V. L.M.; CAMPESTRINI, S. Programa de Aleitamento Materno – PALMA, Pontifica Universidade Católica do Paranã. Mães desejosas de amamentar enfrentam despreparo profissional, l Disponível em :http://www.pucpr.br/serviços/ programas saude/palma/maes.html. Acesso em: 8 de Jun, 2021.

DURHAND, Silvina Beatriz. Amamentação na adolescência: utopia ou realidade?. Adolescência & Saúde. V. 1, n. 3, P. 12-16, Set. 2004.

LACERDA, S.M. M., MAIA, E. R. Aleitamento materno entre mães adolescentes: um estudo sobre desmame na atenção básica, Iguatu – CE. Cad. Cult. Ciênc. V.1 N. 1. 2009.

MARANHÃO, Thatiana Araújo, et al. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo entre mães adolescentes. Cadernos Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 23 (2): 132-139 2015.

MARANHÃO, Thatiana Araújo, et al. Fatores associados ao aleitamento materno exclusivo entre mães adolescentes. Cadernos Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 23 (2): 132-139 2015.

SOUZA, Silvana Andrade. et al. Aleitamento materno: fatores que influenciam o desmame precoce entre mães adolescentes. Rev. Enferm. UFPE on line., Recife, 10(10):3806-13, out., 2016.

VITOLO, Márcia Regina (Org.). Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2015. 


Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense

BANNER_HOME- NOTICIAS-VENDE

Comentários

Seja o primeiro a enviar uma mensagem