Bom dia • 03/05/2024
Autor: Richardson Rocha Souza
Grande parte da população rural não compreende os processos que devem ser seguidos para o uso de agrotóxicos. E essa falta de informação, acaba prejudicando a saúde de todos. A partir desse pressuposto, nota-se a importância do enfermeiro do trabalho, nestas questões, pois este profissional irá identificar os riscos aos quais esses trabalhadores rurais estão expostos, assim como adotar medidas de prevenção durante o uso desses produtos, que se usados de maneira errado, geram riscos à saúde. Desta forma, é necessário que esses trabalhadores tenham conhecimento acerca do uso de EPIs, e algumas diretrizes sobre o uso de agrotóxicos.
De acordo com a Lei Federal nº 7.082 de 11/07/89, regulamentada pelo Decreto nº 98.816, ela considera os agrotóxicos como os produtos de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso de diversos setores, mas principalmente aqueles beneficiados pela produção agrícola.
Os trabalhadores agrícolas são considerados um grupo que apresenta grande risco de intoxicação, devido ao contato intenso com agrotóxicos. Sendo o tecido tegumentar (pele) o mais exposto durante os processos de pulverização (BOMBARDI, 2011).
Medidas para redução do impacto ambiental causado pelo uso de agrotóxicos, estão sendo tomadas, como a utilização de métodos alternativos de substâncias químicas sintéticas. Assim, é importante salientar, que o baixo índice de escolaridade dos trabalhadores rurais brasileiros é preocupante, pois torna essa população suscetível aos riscos de acidentes ocupacionais (MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2009).
A partir desse ponto, que citamos o trabalho do profissional de enfermagem, em especial aquele com ênfase em saúde do trabalhador, pois este deverá utilizar ações que possam diminuir os casos de intoxicações por agrotóxicos como, eliminar os produtos com maior toxidade, substituir por produtos alternativos menos tóxicos e igualmente eficiente, utilizar equipamentos de proteção individual, isolar a população do perigo, rotular adequadamente os produtos e treinar os aplicadores quanto ao uso seguro e implantar medidas administrativas de controle (MOISÉS, 2012).
O enfermeiro do trabalho regido pela Norma Regulamentadora 7 – NR, de que trata os serviços especializados em engenharia de segurança e medicina do trabalho, este profissional deve estar ciente da NR 31, de que trata o manuseio do trabalho com agrotóxicos da forma correta (MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2009).
Assim, essa NR cita que a conservação, manutenção limpeza e utilização dos equipamentos para uso de agrotóxicos devem ser realizadas por pessoas previamente treinadas e protegidas. Outro ponto de que trata esta NR é que o descarte deve obedecer ao protocolo, de acordo com a legislação em vigor sobre a matéria. Do mesmo modo, os resíduos provenientes dos processos produtivos devem ser eliminados dos locais de trabalho, segundo métodos e procedimentos adequados que não provoquem contaminação ambiental.
Ao fazer uso de agrotóxicos, o trabalhador deve ter cuidados para prevenir qualquer risco com o produto, e a NR 6 traz todos os equipamentos que devem ser usados para proteção da pele, olhos, e inalação do produto (MOISÉS, 2012).
As medidas para prevenção do uso de agrotóxicos por parte da equipe de enfermagem, concerne a educação em saúde, de forma a instruir os agricultores quanto ao uso desse produto. Assim, para diminuir os impactos negativos a saúde, os trabalhadores devem ter as seguintes precauções, não guardar os EPI próximo aos agrotóxicos, higienizar as mãos com sabão e água corrente após utilização do produto, não fumar e beber enquanto estiver manipulando os agrotóxicos (PREZA, AUGUSTO. 2012).
Agora, sem e tratando dos sinais e sintomas que eles apresentaram, as medidas de primeiros socorros que devem ser tomadas, e que a equipe de enfermagem deve capacitar esses trabalhadores para intervirem diante desses eventos adversos incluem, quando em contato com a pele, lavar com água e sabão para remover o produto químico da pele, devendo estar em uso de uma luva de borracha (CARNEIRO et al. 2012).
Os produtos químicos dos olhos devem ser lavados com água em abundância por cerca de 10 a 15 minutos. Em caso de irritação dos olhos, posteriormente o paciente deve ser atendido por um oftalmologista (MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2009).
Quanto a questão ergométrica, o trabalhador rural ou equiparado deve adotar princípios ergonômicos que visem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar melhorias nas condições de conforto e segurança no trabalho (CARNEIRO et al. 2012); (MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2009).
Assim, é de suma importância que o profissional de enfermagem atue de maneira ativa acerca da prevenção de acidentes ao trabalhador rural e danos ao meio ambiente. Também, firmar parcerias com órgãos ligados à questão em foco para que medidas sejam tomadas na obtenção de qualificação dos agricultores quanto ao uso desses produtos nocivos à saúde humana (PREZA, AUGUSTO. 2012); (MOISÉS, 2012).
REFERÊNCIAS
BOMBARDI LM. Intoxicação e morte por agrotóxicos no Brasil: a nova versão do capitalismo oligopolizado. Bol. Dataluta. 2011 set;(45):1-21
CARNEIRO FF, PIGNATI W, RIGOTTO RM, AUGUSTO LGS, RIZOLLO A, MULLER NM et al. Dossiê ABRASCO – Parte 1 – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro: RJ; 2012.
Decreto nº 98.816 de 11 de janeiro de 1990.
GUIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Disponível em. Acesso em: maio de 2018.
Lei Federal nº 7.082 de 11/07/89.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Plano integrado de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos. Brasília: DF; 2009.
MOISÉS M. Reflexões e contribuições para o Plano Integrado de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos do Ministério da Saúde (MS) [tese]. Rio de Janeiro (RJ): Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; 2012.
Norma Regulamentadora 31 – NR 31
Norma Regulamentadora 6 – NR 6
Norma Regulamentadora 7 – NR
PREZA DC, AUGUSTO LGS. Vulnerabilidades de trabalhadores rurais frente ao uso de agrotóxicos na produção de hortaliças em região do Nordeste do Brasil. Rev. Bras. Saúde Ocup. [on line] 2012 jan-jun.
Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense
