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26 de junho de 2017 às 13:55
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Valadares não apoia reformas do governo e rompe com Temer

O senador sergipano Antônio Carlos Valadares rompeu hoje (26)  de forma oficial com o governo de Temer por discordar das reformas trabalhista e Previdenciária, bem como dos métodos truculentos e ultrapassados adotados pelo governo federal para conquistar apoio no Congresso Nacional.
Veja o comunicado na integra para o presidente Temer e logo abaixo email enviado no dia 30 de abril ao Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha
 
Senhor Presidente,
Reformas e Represálias,
No dia 30 de abril, encaminhei ao Ministro da Casa Civil Eliseu Padilha e-mail manifestando a minha discordância quanto aos métodos truculentos e ultrapassados adotados pelo governo federal para conquistar apoio no Congresso Nacional, demitindo ocupantes de cargos indicados por parlamentares, que não estejam comprometidos com a aprovação das Reformas Trabalhista e Previdenciária. Como fui cientificado pelo próprio ministro que tal documento (que expressa a minha posição contrária a tais represálias, e às reformas Trabalhista e Previdenciária), teria o devido encaminhamento ao presidente, e como até agora, não tive resposta, é do meu dever, em face das circunstâncias, ratificar o meu desligamento do governo, pelo que, deve o presidente considerar que todos os cargos apontados como de minha indicação, estão colocados à sua disposição desde aquela data. Não apoio a um governo que adota a retaliação para obter apoio incondicional.
 
Senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).
 
Data: 30/04/2017
Senhor Ministro da Casa Civil Eliseu Padilha,
 
Dirijo-me a Vossa Excelência não para reclamar das demissões de pessoas indicadas por deputados federais por não terem votado na Reforma Trabalhista.
 
Na verdade quero manifestar a minha discordância com o método truculento que o governo agora resolveu adotar ao assinar atos claramente vistos como de pura retaliação, mesmo tendo sido vitorioso na Câmara.
 
Pergunto: com isso, pretende-se dar um recado duro ao Senado que deve aprovar essas medidas já decididas pela Câmara dos Deputados, sem manifestar divergências quanto ao seu conteúdo? E tentar na Câmara a aprovação da Reforma da Previdência oferecendo cargos aos que se dispuseram a votar?
 
Devo assinalar que, em nenhum momento antes da posse do presidente Temer,  foi colocada na mesa das conversações a aceitação de qualquer acordo para priorizar as reformas trabalhista e da previdência, como condição exigida para participação no governo.
 
Essa atitude de represália contra parlamentares da base aliada, enxotando-os do governo como infiéis, revela também um pensamento retrógrado de sua cúpula dirigente, ao confundir espaço político legítimo com troca de favores e participação fisiológica em cargos da administração federal.
 
O fato de participar de um governo de transição, que enfrenta uma crise ética, política e econômica sem precedentes, deve ser encarado pelo executivo como uma missão temporária sacrificante, em nome do Brasil, e não como uma benesse, ou como uma simples demonstração de força, prestígio e poder.
 
Querer o presidente fazer constar na sua biografia que atuou como governo das reformas é uma pretensão legítima.
 
Todavia, deixar de avaliar o custo político, exigindo apoio incondicional a propostas ainda não assimiladas pela população, nem aceitas consensualmente, data maxima venia, nos parece uma decisão extemporânea e equivocada.
 
Com certeza, muitas carreiras políticas estarão encerradas pelo confronto da política com o pensamento prevalente no meio social. No senso comum não há palavras que possam chegar à absolvição de quem votar favorável. Essa concepção está arraigada na maioria esmagadora  da população.
 
O governo que hoje tem maioria no Congresso, apesar de sua reconhecida impopularidade, ao tratar com desapreço a todo parlamentar que exerce o direito do voto consciente, em questões tão polêmicas, corre o sério risco de perder o seu maior bastião de apoio, o Congresso Nacional, que lhe tem assegurado a aprovação de tantas matérias para recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento e da reativação do emprego.
 
Para aprovar as reformas o governo precisa das duas Casas do Congresso. Não pensem os falcões do governo que a luta na Câmara ou no Senado vai ser fácil, especialmente depois que o apoio exigido se faz acompanhar de ofertas vergonhosas de cargos  em comissão ou de ameaças explícitas de perda de espaço político daqueles que divergem dessas reformas.
 
O Brasil tem uma democracia forte e consolidada. Não será pela aplicação de um modelo antigo de convencimento, que não mais se acomoda ao nosso meio, que iremos vencer as resistências para mudar, ou conseguir o apoio e o sacrifício de todos em torno de temas de difícil consenso.
 
Senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
 

Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense

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