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6 de setembro de 2021 às 09:16
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Acadêmico: Os problemas no trato uterino nas fêmeas de produção

Autor: Max Andrade Souza

Os problemas que dizem respeito ao trato uterino nas fêmeas de produção vêm sendo cada vez mais frequente, e requer muito cuidado por parte do proprietário, para que os animais possam se recuperar de forma adequada. Quando fêmeas de determinadas espécies estão acometidas com doenças desse tipo, podem ficar até inférteis, o que complica muito a situação da produção de forma geral, bem como dos pequenos animais caso seja a situação em questão.

Como pode ser observado a partir dos tópicos acima, as doenças que atingem animais de produção, especificamente as fêmeas é mais comum do que se pode imaginar.O sistema reprodutivo das fêmeas de modo geral tem muitas funções e particularidades, nas quais é de suma importância para a geração de novas vidas que podem trazer bastante lucro ao produtor, ou apenas cumprir o papel da procriação da espécie. O sistema reprodutor nas fêmeas de todas as espécies é composto pelos ovários, vagina, as tubas uterinas, útero, e vulva. Durante a gestação das fêmeas podem ocorrer alguns distúrbios gestacionais, durante o trabalho de parto e o puerpério que é o período pós-parto, em que fêmeas de todas as espécies estão sujeitas a passar (HAFEZ 2003).

            Dentre esses eventos que podem ocorrer, os que mais acontecem são as distocias, que em casos de o socorro não chegar a tempo podem levar tanto o feto como a mãe a óbito, além das infecções do trato uterino, ou o quantitativo de horas do trabalho de parto. Para Camargo et al. (2013) nos ruminantes o problema mais comum é a chamada retenção placentária, onde a fêmea não consegue fazer a expulsão da placenta, acarretando algumas infecções, podendo estar ligadas a casos de complicações de parto ou até mesmo de abortos passados no final da gestação. O que gera doenças no pós-parto é a passagem livre para os microrganismos externos trabalharem, com a saída do tampão mucoso e consequentemente o nascimento do feto tudo fica mais fácil.

A enfermidade chamada prolapso uterino está caracterizado sempre aos dias finais da gestação de algumas das espécies, em alguns casos podendo passar a ser prolapso pós-parto o que se torna uma condição pior do que a anterior (DERIVAUX 1980). Esse tipo de doença acomete principalmente os pequenos ruminantes, nesse caso bovinos e pequenos ruminantes, acometendo também os pequenos animais. As causas são bastante variadas, desde o manejo dos animais, ao transporte, e fatores externos que podem prejudicar o sistema imune do animal, bem como outras causas que serão abordadas no decorrer deste trabalho (GETTY 1986).

            De acordo com Nascimento & Santos (2003), o prolapso uterino pode ser descrito então como a descida do órgão, ou seja, a descida útero uma vez que seus músculos perdem força, ficando mais relaxados, interferindo na posição dos mesmos dentro da cavidade em que se encontram o que ocorre em animais de idade mais avançada, ou durante o período gestacional, tanto em animais quanto em humanos, e também no fim do período de gestação como já falado. As profissionais do caso em questão também passaram a desconfiar que o animal estava com piometra, outra enfermidade do trato reprodutivo. A piometra trata-se de uma infecção também do útero, ocorrendo principalmente em períodos em que a fêmea encontra-se no cio, uma vez que como elas aceitam o contato com macho para a cópula, o órgão fica mais suscetível a agentes externos que podem como consequência trazer a enfermidade para a mesma (ETTINGER & FELDMAN, 1997).

            Nos bovinos especificamente, a piometra é uma doença ocorre no pós-parto, onde o útero produz um muco purulento, podendo ainda fazer com que o útero aumente seu tamanho, por conta das perdas celulares que possui. No caso em estudo, o produtor fala que a vaca colocou a madre para fora logo após o parto, este ato é caracterizado pela saída do útero da cavidade, processo que requer cuidados imediatos para que não haja risco de infecções mais severas (CAMARGO et al. 2013). Em casos como esses, o mais recomendado é que seja utilizada a prostaglandina 2 alfa, de modo que vai ocorrer o estimulo do estro novamente, para que assim o animal possa relaxar novamente o órgão e acontecer a eliminação desse muco que está cheio de agentes patogênicos.

            Quando o tratamento não ocorre de maneira correta, o animal pode ficar infértil, o que não é um fator produtivo em fazendas que trabalham com animais para comercialização de leite ou de carne. Dra. Amanda, profissional que este presente no caso, ao terminar seus afazeres na fazenda voltou para sua cidade para atender uma cadela que também estava com problemas uterinos. A piometra tem grande incidência em pequenos animais, a qual está diretamente ligada à contração de um tipo de bactéria que consegue atingir o endométrio, localizado no sistema reprodutor. A piometra pode ainda ser chamada de Hiperplasia endometrial cística, nome que caracteriza a doença, por conta do aumento demasiado do útero que sofre com o crescimento desordenado de suas células, a progesterona, hormônio de ação essencial para a manutenção da prenhez, tem grandes funções durante todo o ciclo gestacional, ajudando no controle de contração da cérvice e de outros músculos importantes (MURAKAMI et al, 2011).

            Cada fêmea pode corresponder de uma forma aos estímulos hormonais, em alguns casos ela pode causar o desenvolvimento da hiperplasia, e em outros casos não, mostrando o quão variável é o organismo, cada um com suas particularidades. As bactérias que estão presentes nessa doença, geralmente têm origem da própria vagina, conseguem tomar todo o espaço do órgão e assim ficar livres para desenvolver a doença (NASCIMENTO & SANTOS, 2003). Existem dois tipos de piometra, a aberta e a fechada, no caso da aberta existe a presença do corrimento vaginal, podendo ser mucopurulento e de odor característico, enquanto na piometra fechada ocorre o volume abdominal e o útero tem seu crescimento decretado.

            O diagnóstico da doença deve ser feito por meio de exames e observação dos sinais clínicos, uma vez que estes tem grande indicativo de diagnóstico positivo.  O tratamento pode ser feito por meio de cirurgias e tratamento por meio de medicamentos, sendo mais indicada a forma cirúrgica, pois, assim não há riscos de acontecer novamente. Ficando a critério do tutor em caso de cadelas, ou do produtor em casos de vacas leiteiras, pois a remoção completa do útero deixa a matriz infértil, ficando sem nenhum tipo de serventia para a propriedade em questão (CAMARGO et al. 2013).

A partir do estudo que os animais da fazenda estavam com sérios problemas uterinos que podem ter tido causas variadas. Fica então a critério dos profissionais da área a indicação de exames complementares para que seja definido o melhor protocolo de tratamento. No caso de vacas leiteiras, o tratamento pode ser feito por meio de medicamentos, mas nem sempre vai ser viável para o produtor, visto que em alguns casos a doença pode persistir e voltar, além de causar infertilidade, prejuízos de grande porte para um produtor principalmente de uma localidade pequena como a qual ele reside. Poderia ser indicada a correção cirúrgica, no caso da fêmea que colocou a madre para fora, e o protocolo farmacológico nas outras para poder acompanhar a evolução. Em casos de pequenos animais é muito mais comum fazer a retirada do útero, pois, assim não a incidência da doença voltar novamente.

REFERÊNCIAS

CAMARGOS, A.S.; G, M. M; R, L.S; F, M.C. Ocorrência de distúrbios da gestação, parto e puerpério em vacas leiteiras. Revista Cientifica eletrônica veterinária- ISSN: 1679-7353. Ano IX, nº17, Janeiro de 2013.

DERIVAUX, J.; Reprodução dos animais domésticos; Acribia /Zaragoza; 1ª ed.; Espanã; p. 306 – 307; 1980.

ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária; Manole; 4ª ed.; Vol. 2; Cap. 125; São Paulo; p. 2258 – 2264; 1997.

GETTY, R.; Anatomia dos animais domésticos; Guanabara; 2ª ed.; Vol. 2; Rio de Janeiro; p. 1489 – 1490; 1986.

HAFEZ, E.S.E. Reprodução Animal. 7ª ed. São Paulo: Manole, 2003. 582 p.

MURAKAMI, V, Y; FREITAS, E.B; BRITO, A.A; Piometra – relato de caso. Revista Cientifica eletrônica veterinária- ISSN: 1679-7353. Ano IX, nº17, Julho de 2011.

NASCIMENTO, E.F.; SANTOS, R.L. Patologia da reprodução dos animais domésticos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2003. 137p.

Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense

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