Luciano Pimentel conclama toda sociedade a reagir contra privatização da Caixa
Luciano Pimentel: contra a privatização da Caixa
O Governo da União está preparando o terreno para entregar a Caixa Econômica Federal, o banco mais social do país, 100% estatal e com altíssima rentabilidade, ao capital privado e internacional. Se isso de fato acontecer, será um crime contra os reais interesses do Brasil, e a sociedade deve se unir para evitar este dano não só à CEF, mas também ao Banco do Brasil, ao Banco do Nordeste do Brasil e ao BNDES.
Em síntese, este foi o teor do pronunciamento feito pelo deputado estadual Luciano Pimentel, PSB, na manhã desta quarta-feira, 18.10, na Assembleia Legislativa de Sergipe. Bancário de carreira e de profissão, com 35 anos de atividade, quase 100% deles na Caixa, de onde foi superintendente em Sergipe por mais de cinco anos até 2014, Pimentel deu dados de balanços e lucratividades e chamou a atenção da importância social dos bancos estatais em oposição aos privados que, para ele, visam somente os grandes centros urbanos, o lucro e dão as costas aos aspectos sociais e aos grotões.
Somando-se a uma manifestação que o Sindicato dos Bancários do Estado de Sergipe realizava em favor da permanência da Caixa como estatal, o parlamentar foi duro na demonstração de dados e na demarcação de terreno em favor da permanência estatal e de pelo menos três outros bancos mais visados pela privatização – o BB, o BNB e o DNDES. “Nos causa muita perplexidade o governo querer privatizar o maior banco social da América Latina, que é a Caixa Econômica Federal”, informou o parlamentar. O sistema bancário tem um patrimônio líquido que em 2016 somava R$ 579,2 bilhões.
“Um país em desenvolvimento e com desigualdades sociais como o Brasil não pode prescindir de um banco público como a Caixa, que chega a todos os municípios brasileiros, fazendo bancarização, inclusão social, fomentando a habitação e gerando crédito para a pequena, média e grandes empresas”, disse o deputado. Segundo Luciano, o setor bancário nacional teve um lucro líquido em 2016 de R$ 65 bilhões, com um resultado sobre o patrimônio líquido de 11,3%.
No contexto da lucratividade bancária, só o Banco Itaú teve um lucro de R$ 71,6 bilhões em pouco mais de um triênio – 2014, 2015 e 2016 e primeiro trimestre e 2017. “Gera emprego, o Banco Itaú? Gera. Atende aos clientes? Atende. Mas a quais clientes o Itaú atende? Qual o programa social desse banco? É importante para a economia? É. Mas não pode querer destruir uma instituição financeira como a Caixa Econômica Federal, que tem R$ 1,2 trilhão em ativos”, disse o parlamentar
Para Luciano, a Caixa não pode pagar pela entrega de sua gestão a executivos inconsequentes, irresponsáveis e até ímprobos. “Problemas que existiram ou que estejam existindo, precisam ser resolvidos. Mas não com a privatização dela. Para a minha tristeza e a tristeza dos demais bancários da Caixa, vemos a empresa ser presidida por um funcionário dela (Gilberto Occhi) e este mesmo funcionário estar comandando o processo de preparação para a privatização. Esse mesmo funcionário que recentemente foi denunciado por um delator da Lava Jato de ter cota mensal de propina sobre operações. Ora, a Caixa não é culpada por terem passado por lá Geddel Vieira Lima e Fábio Cleto e cometido erros. A Caixa não é culpada por Gilberto Occhi ser seu presidente e, segundo o que se divulga na imprensa, estar cometendo erros. Corrijam-se os erros, mas não a responsabilizem. Não vale extingui-la. Vamos realinhá-la, porque esta empresa é do povo brasileiro. Ela responde por mais de 70% do crédito habitacional do Brasil. Em Sergipe, nós já chegamos a 90%”, diz ele.
“Hoje já se fala em bancos chineses e outros internacionais querendo adquirir a CEF. E por que falar em privatização de um banco assim? A Caixa não dá prejuízo à sociedade. A Caixa leva todo o lucro que ela gera para a sociedade através da suas ações e da sua rentabilidade. Nesses últimos três anos, somados ao primeiro semestre desse ano, a Caixa teve um lucro de R$ 22 bilhões. Falar em privatizar um banco que o país precisa para fomentar a sua economia e o desenvolvimento dos pequenos centros é um crime. Os bancos privados querem os grandes centros, onde tem maior rentabilidade. Mas a Caixa não. Ela faz as suas ações em todos os municípios sergipanos e brasileiros”, disse Luciano.
“É com muita tristeza que eu faço esta manifestação nesta Casa. Como bancário que sou e como ex-funcionário da CEF, por conhecer o que ela faz de bem à sociedade em todos os municípios sergipanos e brasileiros, levando cidadania, moradia e crédito para todos, não posso me calar. A Caixa é o banco que regula as taxas de juros do mercado, porque quando o Governo precisa fazer esta regulação é à Caixa que ele recorre por ser ela 100% pública e não dever satisfação alguma a acionista privado”, disse Luciano.
“O povo brasileiro não pode permitir que o Governo privatize a Caixa, sob pena de ter piorado a condição de cada município brasileiro e de ter dificultado a vida de cada pessoa desses municípios, sobretudo as de menor renda. Porque a atividade-fim de bancos como a Caixa, o Banco do Brasil e o Bando do Nordeste é a de desenvolver o Estado brasileiro. Falam em privatizar o BNDES. Tivemos muitos problemas com o BNDES, como operações mal feitas, levadas as grandes grupos econômicos e no exterior, mas não é para ajustar uma política errada do BNDES que tem de extingui-lo também. O Brasil precisa do BNDES. O banco público tem rentabilidade, sim, e jamais defendemos que ele não o tenha”, diz.
Mas, segundo Luciano Pimentel, o que mais conta é a sua rentabilidade no social. “Só no primeiro semestre de 2017 o Banco do Brasil teve um lucro de 5,152 bilhões. É pouco? Querem mais. A CEF teve um lucro de R$ 4,073 bilhões no mesmo período, contribuindo com o desenvolvimento social. A Caixa não precisa de dinheiro do Governo para sobreviver. A contrário. Esses mais de R$ 4 bilhões voltam para o caixa do tesouro nacional, porque ela não tem acionista privado. É 100% pública. E que assim continue”, convocou o parlamentar.
Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense