Bom dia • 21/11/2024
O benemérito dr Manoel Salustino Neto
Manoel Salustino Neto nasceu no dia 4 de outubro de 1907 no sitio Jurupaity, município de Currais Novos, Estado do Rio Grande do Norte. Filho segundo de uma prole de 10 do Desembargador Tomaz Salustino Gomes de Melo e Teresa Bezerra Salustino. A família era grande e abastarda não só financeiramente, mas de valores morais e éticos. Aprendeu as primeiras letras com uma professora particular chamada Epifânia. Estudou no Colégio Diocesano Santo Antonio (Marista) em Natal. Em 1928 matriculou-se na Escola de Medicina de Recife, onde estudou somente o primeiro ano, tendo transferindo o curso para a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, em Salvador. Formou-se em 1933 e após a graduação decidiu não retornar a sua terra natal indo exercer a medicina na cidade de Penedo em Alagoas por um curto período de tempo. Fez especialização na Universidade de La Plata na Argentina, e ao retornar para o Brasil foi convidado pelo um amigo de faculdade (Evandro Mendes da Silva) para clinicar em Sergipe na cidade de Lagarto, mas logo em seguida edificou seu consultório em Anápolis (hoje Simão Dias) na praça Barão de Santa Rosa, número 35.
Pouco depois de instalado atendendo apelo foi consultar a baronesa de Santa Rosa, Ana Freire de Carvalho, na residência dos barões de Santa Rosa, também situada na praça Barão de Santa Rosa. Momento que o médico conheceu a neta da baronesa, Ana Carmem (filha do dr João de Matos Carvalho e Rosa de Andrade Carvalho), com a qual casou-se após um ano de namoro e noivado no dia 12 de setembro de 1940 em cerimônia civil no Fórum da cidade presidida pelo juiz de Direito da Comarca, Doutor Nicanor Leal e celebração religiosa na Igreja da Fazenda Mercador (residência dos pais da noiva) pelo vigário da paróquia Cônego José Antonio Leal Madeira em solenidade singela em face do luto pela morte da baronesa Ana Freire, ocorrida em 18 de agosto de 1940.
Os recém-casados fixaram residência no majestoso casarão dos falecidos barões, avós de Ana Carmem ou “Carmita” como era carinhosamente chamada.
O casarão típico da arquitetura neoclássica do século XIX foi presente de herança ao casal. Hoje, o casarão ainda conserva a beleza e imponência da originalidade e pertence à filha e genro de Carmita (Rosa Salustino de Carvalho e Alberto de Carvalho).
Em 31 de dezembro de 1941 nasce o primogênito de doutor salustino: Tomaz Salustino Neto. Em 31 de dezembro de 1942 nasceu Silvio Carvalho Salustino. Acompanhado dos filhos e dona Carmita, em 1944, dr Salustino volta para o Rio Grande do Norte atendendo convite do seu pai – o Desembargador Tomaz Salustino – para administrar a Mina Brejuí de propriedade da família.
Todavia, a paixão pela medicina, por Sergipe e o insistente chamamento dos sogros fez com que dr Salustino retornasse definitivamente a Simão Dias no inicio de 1945.
Em 10 de janeiro, de 1947 nasce o terceiro filho do casal, João de Matos Carvalho Neto. Mas em 17 de abril do mesmo ano a criança morreu, vitima de infecção da garganta. Fato que trouxe profunda tristeza ao médico.
No dia 13 de agosto de 1948 nasceu o quarto filho, o qual recebeu novamente o nome de João de Matos Carvalho Neto, em homenagem ao sogro.
Em 10 de setembro de 1949 nasce Maria Tereza Carvalho Salustino. E no dia 11 de julho de 1950 a sombra da morte pairou novamente a família. João que tinha apenas dois anos morre afogado na fazenda Mercador, local que dr Salustino jamais voltou a freqüentar. A morte trágica do menino mudou radicalmente a vida de dr Salustino. Em depressão profunda fechou por algum tempo o consultório. Sua vida só retornou a normalidade no ano de 1951 em virtude de dedicação a Fazenda Campo Formoso, o qual lhe servia como remédio para a sua amargura. O atendimento dos pacientes no consultório de Simão Dias também foi retornado, só que as quartas-feiras e aos sábados – dias que o dr. Salustino voltava da fazenda.
Em 24 de junho de 1951 nasceram as filhas gêmeas, Iracema e Yara. Em 22 de dezembro de 1952 nasce Ruy Carvalho Salustino. No dia 16 de abril de 1954 nasceu Renato Carvalho Salustino. Em 06 de abril de 1955 veio ao mundo Roberto Carvalho Salustino que morreu com apenas quatro meses, vitima de insuficiência bronco-respiratória. Em 22 de novembro de 1957 nasceu Rosa Carvalho Salustino e em 24 de dezembro de 1958 a filha caçula Jussara Carvalho Salustino.
No dia 27 de abril de 1989, aos 82 anos, morre dr. Salustino em Aracaju, vitima de câncer. Ele foi velado e sepultado em Simão Dias – terra que ele escolheu para viver e dedicou quase toda a sua existência.
Dr Salustino passou desta vida, mas deixou um legado valioso para a família: a da união familiar nunca vista. E para o povo de Simão Dias exemplos de homem dotado de natureza ilibada, conservador, íntegro, ético, digno, corajoso, presenteador, otimista, exigente, extremoso e rigoroso, mas sempre solicito e caridoso com todos, inclusive com os serviços médicos aos simaodienses e população da região com dedicação quase que exclusiva aos necessitados.
Dr. Salustino além de atender gratuitamente a comunidade pobre exerceu grande influência para o desenvolvimento do município e de Sergipe. Ele juntamente com o Monsenhor Mário, instalou o Colégio Carvalho Neto (hoje Escola Municipal Carvalho Neto), presidiu o Cine Brasil. Foi um dos sócios bene-
méritos do Hospital Bom Jesus e um dos responsáveis pela proliferação das cisternas de placas fazendo com que os bancos da região realizassem empréstimos a população e a pequenos agricultores para se beneficiarem de água limpa para beber, pois na época só existia, o Tanque Novo para abastecer a cidade de água, mas esta era barrenta, insalubre e imprópria ao consumo humano.
Ele ainda introduziu em Sergipe o gado da raça Shwvite (Pardo Suíço), o capim pangola e implementou a criação de peixes de diversas espécies da Amazonas. Foi o único do Estado a possuir um veiculo jipe – misto de trator e caminhonete da marca Mercedes Bens e o primeiro a ter uma geladeira a querosene na cidade. Como gostava de coisas exóticas, inclusive comidas e queria acomodar facilmente os nove filhos e esposa à sua volta na hora das refeições foi também o primeiro cidadão de Sergipe a possuir uma excêntrica mesa giratória.
No dia 04 de outubro deste ano, os familiares de dr. salustino celebraram com uma missa festa o Centenário de nascimento dele em Simão Dias. Também foi confeccionado para a ocasião o livro “Ao sabor da lembrança do passado e da vida. Manoel Salustino Neto: um homem à frente do seu tempo”. Com apresentação de Carmem Verônica Calafange. O livro é um retrato da personalidade imortal do dr. Salustino – A vida do homem, do esposo, do pai, do médico e do amigo.
Segundo o professor Udilson Soares Ribeiro, a biografia de dr. Manoel Salustino Neto deve ser apresentada as novas gerações como exemplo de vida a ser imitado, nesta época tão carente de modelos hígidos. Veja depoimento abaixo na integra.
Fui acompanhado pelo Doutor Salustino em virtude de problemas oftalmológicos, desde os meus dois anos de idade (1948), e tive a honra de contar com sua amizade, pelo que tenho autoridade de dar o meu testemunho acerca desse benemérito simaodiense, oriundo do Rio Grande do Norte.
O Doutor Manoel Salustino Neto, clínico geral, oftalmologista, otorrinolaringologista e cirurgião, foi um exemplo de homem e cidadão probo, honrado e amigo sincero, defensor intransigente de elevados padrões éticos e morais, em todas as áreas do viver, principalmente a partir da cédula-mãe, que é a família.
Apesar do seu destacado status social, econômico-financeiro e intelectual, sempre manteve boas e estreitas relações com a gente simples e carente, atendendo-a de bom grado e gratuitamente, como médico, até nas próprias residências dos enfermos; isto sem problematizar horários, distancia ou estado climático.
Sua biografia deve ser apresentada às novas gerações, como exemplo de vida a ser imitado, nesta época tão carente de modelos hígidos.
Frases dos filhos
“Fomos criados num clima de amor à família, de respeito e disciplina…”
Tomaz Salustino Neto
“…Apesar dos poucos recursos de apoio tecnológico, na época efetuou muitos partos vitoriosos, recuperou a visão e a audição de muita gente…”
Silvio Carvalho Salustino
“Meu pai, meu amigo: um homem fora de série!”
Maria Teresa Salustino Faro
“…Homem honesto, digno de palavra, e o mais maravilhoso de tudo era o valor que dava à família”.
Iracema Salustino Pinto
“…Considerando o ditado popular, ele não pregou no deserto, e colheu o que plantou juntamente com mamãe”.
Yara Carvalho Salustino Bezerra
“Meu Pai: sua vida, um patrimônio moral”.
Ruy Carvalho Salustino
“A presença firme e decisiva de papai, em casa, foi capaz de marcar profundamente a vida de todos os seus filhos e demais pessoas que com ele conviveram…”
Renato Carvalho Salustino
“Meu pai, meu mestre: exemplo que o tempo não apaga”.
Rosa Salustino de Carvalho
“Ele foi brilhante como pai, dando algo incomparavelmente valioso aos seus filhos. Algo que todo dinheiro do mundo não pode comprar: o seu ser, a sua história, as suas experiências, o seu tempo e o seu exemplo. Ele é inesquecível!”
Jussara Carvalho Salustino González
Fonte: AO SABOR DA LEMBRANÇA, DO PASSADO E DA VIDA
Manoel Salustino Neto: um homem à frente do seu tempo
Autoria de Carmem Verônica Calafange ; família Salustino e convidados.
Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense