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30 de janeiro de 2017 às 11:57
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Valadares: Conforme a ocasião e o interesse, Jackson Barreto parte para bajulação ou para o ataque

AUTORITARISMO, ARROGÂNCIA E VAIDADE NA CONTRAMÃO DOS INTERESSES DE SERGIPE
* Senador Antonio Carlos Valadares
Quem conhece a personalidade instável do governador Jackson Barreto sabe que, conforme a ocasião e o interesse, ele parte para bajulação ou para o ataque.
Fez no passado ataques tremendos a mim e a Eduardo Amorim. Mas quando, na eleição de 2010, precisou de nós para se tornar vice-governador de Déda, era paz e amor. Inclusive trabalhou com tanto afinco para eleger Eduardo que, na prática, se tornou coordenador informal da campanha do senador.
Todavia, bastou Eduardo Amorim manifestar o desejo de ser candidato a governador para Jackson – que também queria ser -, tornar-se o opositor mais ferrenho do seu então aliado, acusando-o de tudo, inclusive colocando-lhe a pecha de chefiar quadrilha para assaltar o Estado.
Em 2014, já governador empossado em virtude da morte prematura de Déda, e já candidato à reeleição, sem consultar seus aliados, foi procurar seu adversário histórico, prefeito João Alves, oferecendo-lhe a vice. Recebeu um sonoro não. Todos lembram da “inimizade” que JB, a partir desse episódio, destilou contra João. Passou da bajulação à mais violenta agressão.
Então, com medo de eu ser candidato a governador, foi em minha casa e implorou para que o PSB indicasse o vice. Após resistir a indicação de Belivaldo, sob a alegação de que não tinha votos, como não recuamos, o aceitou, mesmo a contragosto. Queria Valadares Filho.
Esse acordo foi o maior erro político de minha vida. Espero, até o final de meus dias, poder reparar esse erro e consertar essa dívida que tenho para com meu povo.
Não quero lembrar suas frases, em 2014, quando Dilma podia perder. Inseguro e nervoso, me pedia, sem reservas, para que eu o protegesse junto a Aécio Neves, caso este viesse ganhar as eleições presidenciais. Após o resultado favorável a Dilma, partiu para cima de mim como um cão raivoso, praticamente me expulsando de um agrupamento alternativo que ajudei a fundar há mais de 20 anos.
Não compareci à sua posse e nunca mais pisei os pés no palácio, como já havia feito antes, durante aqueles quinze anos na oposição, até que Marcelo Déda fosse eleito governador com meu apoio.
Agora, em face do comportamento camaleônico, oportunista ou escorregadio, o governador, que antes nos acusava de golpistas e cantava o “Fora Temer”, resolveu mudar a cantiga para “É com Temer que eu vou”, empurrando quem já estava no governo para fora e querendo assumir nosso lugar. Um autêntico fura-fila.
Quem duvida que, no próximo ano, eleição para presidente, governadores e senadores, Jackson Barreto inverta sua posição, e adote outra cantiga que melhor lhe convenha para salvar mandatos e posições de poder?
Confesso que o bloco de oposição lida com situação de extremo desconforto. Quando um senador ou deputado da oposição toma a iniciativa de falar com um ministro, o governador bate o pé, protesta, surge com ataques apopléticos e desarrazoados, desqualificando nosso trabalho. Mostra um personalismo doentio, difícil de ser compreendido pela grande massa, que espera a união de todos na defesa dos legítimos interesses do Estado.
Considero abominável essa necessidade patética de mostrar prestígio individual, quando o mais importante é o governante estar antenado ao desejo legítimo da população, e, para atendê-la, aceitar de bom grado o esforço de todos. Essa visão deve nortear a conduta do verdadeiro líder, que deve pensar grande, encorajando o apoio de quantos queiram somar-se para melhorar a vida do seu povo.
Veja o último episódio em que o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, queria vir a Sergipe para, num gesto de solidariedade do Governo Federal, dar apoio e anunciar medidas emergenciais de combate às secas. Por mais absurdo que possa parecer o governador reagiu intempestivamente apesar de ter sido o primeiro convidado, e, por isso, o ministro sentindo-se desestimulado cancelou a sua presença no Estado em ato por ele agendado. O evento seria realizado na superintendência da Codevasf em Aracaju, que é uma empresa vinculada ao Ministério da Integração, local mais do que adequado para debater com prefeitos e demais autoridades alternativas emergenciais e de caráter permanente para combater as secas, inclusive sobre o andamento do Projeto Xingó.
A vaidade do governador foi mais forte do que o sofrimento do sertanejo. Ou era no palácio o ato, ou não iria comparecer para receber os recursos a fundo perdido do Governo Federal.
Uma atitude deseducada e em visível descompasso com nossa mais altaneira tradição de boas-vindas a ministros e autoridades que aqui vêm em ação positiva e solidária. E, em especial, no período em que o sertanejo mais precisa da assistência do Governo Federal e de quantos possam vir em socorro dos municípios que passam por um momento terrível de estado de emergência, provocado pela seca inclemente que atinge quase todo território sergipano.
Toda conduta política de um governante que tenha como objetivo eliminar a oposição, não assimilar as críticas como contribuição, e tentar excluir o debate aberto sobre questões sérias e atuais que mais atormentam a comunidade, deve ser rechaçada com veemência, em nome da democracia.
Venha de onde vier, nesta hora convulsiva por que passam a União, os Estados e os Municípios, toda ajuda deverá ser bem-vinda.
É preciso ensarilhar as armas do populismo demagógico e abandonar, em benefício de todos, o autoritarismo, a arrogância e a vaidade. Sergipe agradece.

Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense

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