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1 de janeiro de 2014 às 12:12
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Invenção de Nel é destaque nacional

Por: Eliângela Carvalho
Homem que inventou as cisternas de placas e proporcionou convivência digna nas regiões semi-áridas do Brasil conta trajetória de vida e declara que criou nova técnica com custos reduzidos, maior segurança e durabilidade.
A cisterna de placas, que amenizou o sofrimento do povo que vive nas regiões semi-áridas do Brasil e vem sendo alvo de políticas públicas entre outras, foi criada em 1955 pelo pedreiro Manoel Apolônio de Carvalho, conhecido por Nel, que aos 17 anos saiu do Nordeste para São Paulo, onde trabalhou durante seis meses na construção de piscinas e aprendeu a utilizar placas de cimento pré-moldadas.
Nel conta que de volta ao Nordeste, vendo o sofrimento do povo para conseguir água potável, se valeu da experiência adquirida e criou a cisterna de forma cilíndrica com placas pré-moldadas curvadas, atualmente a famosa cisterna de placa. Ele disse que no início foi chamado de louco por todos e que as primeiras cisternas construiu de graça para agricultores da região do Tingui, município naquela época de Jeremoabo/BA, hoje Sítio do Quinto/BA. E que, somente, depois da cisterna cheia d’água os moradores passaram a dar crédito ao invento e a chamá-lo para fazer, momento que começou a ganhar pela obra junto com seu irmão Zequinha. Associações e povoados circunvizinhos também aderiram à novidade. Era a constatação que o invento dera certo.
Em 1965 Nel foi para Sergipe (cidade de Simão Dias) a convite do comerciante José Lima de Carvalho, conhecido como Zeca de Velhinho, que viajando pelo sertão baiano para aquisição de algodão viu uma cisterna de placa já cheia de água, gostou e contratou Nel para fazer uma na sua residência. Fato importante, do qual foi o responsável pela proliferação da experiência que em pouco tempo de estadia até os bancos do município passaram a financiar a construção das cisternas para os agricultores da região beneficiarem suas propriedades. A essa altura, o inventor já dispunha de uma equipe de pedreiros treinados por ele para construir cisternas. Assim, cada vez mais Nel aprimorava a técnica, diminuindo o custo e o tempo para sua execução.
O inventor relata que foram vários anos percorrendo o país para construir cisternas, atendendo solicitações de grandes e pequenos proprietários, inclusive, na maioria das localidades ensinavam os moradores e sempre deixava alguém treinado da sua equipe que diante das ofertas de trabalho preferiam ficar nas comunidades ou associações.
Em 1991, segundo o inventor Nel que tem provas ele foi iludido e enganado por técnicos e engenheiros dos órgãos públicos do Estado de Sergipe para que os ensinasse todos os macetes de como construir a cisterna com a promessa de que teria garantias sobre o seu invento, e que sempre continuaria trabalhando na área. Ledo engano! O Estado lesou o seu invento, o seu sustento e o seu trabalho, consequentemente a sua honra.
Em 2000 Nel deu entrada requerendo patente no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e inventou outra técnica de constuir cisterna.
Nel garante que a nova técnica com molde tem menor custo, menor tempo de execução do que a tradicional, maior segurança no item longa vida, menores riscos de acidentes e não exige mão-de-obra qualificada por não utilizar o metro e o prumo, permitindo que qualquer cidadão a confeccione. “Além de todas essas vantagens, depois de pronta não há diferença da cisterna de placas tradicional. Já fiz muitas com o molde, mas não revelei medidas para ninguém. Por enquanto é segredo. Não quero mais ser passado para trás e ver tanta gente botando banca, mandando eu procurar político A e B para pedir um serviço que eu inventei. As vezes, penso até que os órgãos públicos me querem afastado porque eu faço cisterna que não quebra. Tenho cisternas em Simão Dias com mais de 30 anos e nunca deu defeito”. Declarou, o inventor Nel.
Nel é homenageado no IV ECONASA
O inventor de cisternas de placas, Manoel Apolônio de Carvalho participou do IV EconAsa (Encontro Nacional da Articulação no Semi-árido) realizado em Campina Grande, no Estado da Paraíba nos dias 11, 12, 13 e 14 do mês passado onde foi homenageado pelo benefício que proporcionou a população do Brasil, em especial do semi-árido brasileiro, local que a organização das Nações Unidas (ONU) registra os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, devido a fatores como a seca e a má distribuição da água e da renda.
Nel mostrou no encontro sua trajetória de vida, avanços, conquistas e apresentou a nova técnica com molde para levantar e argolar uma cisterna em apenas duas horas, o que normalmente no modelo tradicional dura um dia útil, alem de não necessitar de mão de obra especializada. Ele afirma que o processo de captação de água é o mesmo, isto é, a água da chuva escorre pelo telhado que é recolhido pela calha, esta leva ao tubo que conduz a cisterna que tem uma espécie de filtro, onde fica livre de impurezas podendo ser consumida pelas famílias.
Uma cisterna de 16 mil litros armazena água suficiente para o consumo humano de cinco pessoas durante nove meses, tempo médio de uma estiagem no semi-árido e representa uma ação de cidadania, pois ter acesso à água é ter acesso à alimentação, sem contar que a obra é um bem de propriedade para quem a possuir, visto ter (quando bem construída) vida útil com mais de 30 anos.
A cisterna de placas, de criação de Nel, esta sendo alvo da ASA (Articulação do Semi-árido Brasileiro) órgão não governamental que implantou o projeto 1 milhão de cisternas dada à dimensão fundamental do abastecimento de água potável às famílias rurais do Semi-árido brasileiro.
Destaque
A familia de Manoel Apolonio de Carvalho, Nel, o inventor das cisternas de placas vem a público agradecer a justa homenagem recebida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário através do ministro Miguel Rossetto e o secretario do Desenvolvimento Territorial, Humberto Oliveira numa colaboração do Banco do Nordeste (Agnaldo Francisco Rosa) e SASAC (Carlos César Santana Valadares), onde a placa de honra ao mérito parabeniza Nel pelos relevantes serviços prestados ao povo Nordestino em sua luta de convivência com a seca, bem como a de que seu invento mudou a vida de milhões de pessoas.
Inventor de cisternas é o 1º civil do Brasil congratulado Parceiro do Governo Federal
Ministro Patrus Ananias homenageia sinãodiense e a ASA na 2ª etapa do Projeto Cisternas que prevê a construção de mais de 10 mil cisternas na região do semi-árido com apoio da Febraban.
O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias de Sousa, entregou no dia 28 de abril de 2005 no município de Serrinha (BA) durante o lançamento da segunda etapa do Projeto Cisternas o certificado de parceiro do programa federal “Fome Zero”, inscrito sob o número 0059 ao inventor das cisternas, Manoel Apolônio de Carvalho, conhecido por Nel, que até o momento é o primeiro e único civil do Brasil entre os 180 milhões de brasileiros a receber tal título em reconhecimentos aos relevantes serviços prestados ao povo das regiões semi-áridas do país. Na solenidade, o vice-presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, também foi agraciado com o certificado de parceiro do “Fome Zero” só que como pessoa jurídica.
A assinatura do contrato da segunda etapa do Projeto Cisternas entre a Febraban e a Organização não Governamental (ONG) a P1MC selou o compromisso de construir mais de 10 mil cisternas na região do semi-árido brasileiro, no qual dará continuidade a um projeto que desde 2003 já beneficiaram mais de 80 mil pessoas.
Patrus Ananias falou sobre as políticas públicas do Governo Lula voltadas às regiões do semi-árido e declarou que são parceiros importantes nessa luta a ASA (Articulação do Semi-árido brasileiro) que congrega igrejas e pastorais e a Federação Nacional dos Bancos Febraban. Ele ainda garantiu que ao final de 2006 será ultrapassado à construção de mais de 100 mil cisternas no semi-árido brasileiro, do qual fazem parte o norte de Minas Gerais e Espírito Santo, os sertões da Bahia; Sergipe; Alagoas; Pernanbuco; Paraíba; Rio Grande do Norte; Ceará; Piauí e parte do sudeste do Maranhão.
Durante o evento, o coordenador executivo da ASA de Sergipe, pastor Valdecir Xavier Mendes, entregou uma placa comemorativa da realização de 50 mil cisternas executas pela ASA que segundo o ministro Patrus Ananias a construção das mesmas representa uma grande conquista porque o Projeto Cisternas também tornam as famílias aptas não só a construir novas unidades e conservá-las contribuindo para a melhoria das condições de higiene da população, mas também colabora para a geração de renda e empregos diretos e ainda estimula o comércio local e principalmente educa e incentiva a fixação da população na região de origem.
Marcaram presenças na solenidade de lançamento da 2ª etapa do Projeto Cisternas o ministro do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Patrus Ananias; o presidente da Confederação Na-cional das Instituições Financeiras, Gabriel Jorge Ferreira; o inventor das cisternas, Manoel Apolônio de Carvalho (Nel); o vice-presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa; o diretor executivo da Febraban, Antonio Jacinto Mathias; o presidente do Instituto Ethos, Odeth Grajew; coordenadores da ASA entre eles o pastor Valdecir Xavier Mendes e Reitor Batista que é também integrante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar; o P1MC; o diretor da empresa de comunicação Jornal Simãodiesnse Editoria e Assessoria LTDA, Ângelo Matos Santos, bem como outras autoridades do Brasil e lideranças do município de Serrinha (BA).
Repercussão
A imprensa mundial, inclusive da ONU (Organizações das Nações Unidas) e nacional, desde a entrega do certificado vem procurando o inventor das cisternas, Manoel Apolônio de Carvalho, onde já foram realizadas várias entrevistas e veiculadas matérias internacionais e nacionais em quase todos os grandes jornais do país, inclusive no O Globo – revista Razão Social- a Tarde e no programa de radiojornalismo mais antigo que existe no Brasil, A Voz do Brasil, em matéria realizada pela jornalista, Pricilla Rangel. O motivo de todo assédio é que o Projeto Cisternas é exemplo de sucesso e de desertificação das regiões do semi-árido, que pode até ser aderido internacionalmente; ao certificado de parceira da primeira pessoa física do Brasil em um programa do Governo Federal – “Fome Zero” – e ao reconhecimento que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem dando ao Nel com perspectivas de parceiras que renderão ainda bons frutos a população carente do mundo.
Cisterna: fonte de vida há 51 anos
A água é fonte de vida no Planeta, pois é ela que mata nossa sede, nos ajuda a produzir e cozinhar os alimentos mantendo todas as pessoas e animais vivos.
A cisterna inventada pelo pedreiro, Manoel Apolônio de Carvalho (Nel) quando tinha apenas 17 anos é hoje considerada nacionalmente como uma fonte de vida por guardar com eficácia o maior tesouro de todas as riquezas do mundo que jamais pode faltar na vida de qualquer humano: a água.
O inventor das cisternas já tinha noção que tinha criado algo extraordinário, as comunidades beneficiadas que moram em zonas rurais e os governos, embora este nunca tenha dado o reconhe-cimento que Nel merece, também. Contudo, a ASA (Articulação no Semi-árido Brasileiro) através do P1MC além de aderir à cisterna criada por Nel proporcionou ao mesmo o reconhecimento nacional de sua obra.

Por: Jornal Simãodiense jornalsimaodiense

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